Maria Amélia D'Assumpção (Joinville/SC, 1883 - Curitiba/PR, 1955)
Desenhista, pintora e professora de arte. O nome de Maria Amélia Fernandes de Barros surge na relação de alunos que começam a frequentar o Conservatório de Belas Artes - dirigido por Paulo Ildefonso D’Assumpção, a partir de janeiro de 1896. Em 1900, aos dezessete anos de idade, ela casa-se com um primo, o engenheiro Joaquim Ignácio Silveira da Motta, que morre, prematuramente, sete meses depois. Passa, então, a assinar o nome de Maria Amélia de Barros Mattos. Desse matrimônio nasce um filho, também chamado Joaquim Ignácio Silveira da Motta; posteriormente engenheiro agrônomo, radicado em Pelotas/RS. Viúva com um filho, Maria Amélia fixa residência no Rio de Janeiro, para onde se transferira seu pai, já aposentado. Como esse falece em 1908, Maria Amélia, suas irmãs e seu filho retornam a Curitiba. Justamente, pensando na pintura como um meio de sobrevivência que lhe permitisse educar o filho, sem pesar a seus familiares é que Maria Amélia resolve retornar aos estudos de Desenho e Pintura com Alfredo Andersen. Seu desenvolvimento é rápido, conquistando o apoio e admiração do mestre. Assim, já em 1917, torna-se a primeira mulher do Paraná a expor, individualmente, no Rio de Janeiro. Obtém calorosa acolhida por parte da crítica especializada, tanto é que o crítico Paulo Rubens chega a comparar suas naturezas-mortas às do mestre Pedro Alexandrino. Maria Amélia casa-se, em 1920, com o escritor e jornalista Pamphilo D’Assumpção, um admirador das artes que viria a apoiar sua carreira. Passa então a assinar Maria Amélia D’Assumpção. Em Curitiba, leciona Pintura e Desenho na Escola do Prof. Francisco Guimarães, na Escola Profissional Feminina e ministra aulas particulares, além de participar ativamente do movimento artístico da cidade. Dedica-se à pintura até seu falecimento, ocorrido em 1955. Grande parte de suas obras encontra-se com seus netos em Pelotas/RS, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1979, é organizada uma retrospectiva em sua homenagem no MAA. Ao falar especificamente sobre Maria Amélia D’Assumpção, a principal aluna de Andersen - segundo ele próprio - sentimos em sua obra uma ambivalência de sentimentos e resultados. Examinando os primeiros trabalhos que executa, mais simples e coloridos, são evidentes certas tendências fauvistas, sufocadas por uma formação acadêmica. Daí a certeza de que, se a artista tivesse nascido 50 anos mais tarde, sua obra estaria dentro desse contexto. Pela própria maneira de viver de uma “moça de família” da época, compreende-se facilmente por que essa artista é uma das mais notáveis pintoras de naturezas mortas, o que lhe vale o título de “Pedro Alexandrino Paranaense”. Naquele tipo de vida, pacato e caseiro, sua observação volta-se, sobretudo, para as flores e objetos que a rodeiam. É aí que Maria Amélia consegue conservar aquele sentido de “maravilhoso”, do ímpeto de vida de que é possuída. Nos retratos, alguns dos quais conservados nos Museu Paranaense, sente-se que apesar de certas características acadêmicas e detalhes rococós, a artista consegue transmitir uma invulgar percepção da realidade. Aqui e ali explodem as cores que a sua formação artística, demasiado objetiva, jamais conseguiria sufocar totalmente. Dois retratos da artista, pintados por Alfredo Andersen, integram os acervos do MAA e do Museu Paranaense, respectivamente.